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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Hoje celebramos a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus


  A contemplação do mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a dirigir-se à Virgem Santa como a Mãe de Jesus, mas também a reconhecê-la como Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencendo ao patrimônio da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431. Na primeira comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que Jesus é o Filho de Deus, resulta sempre mais claro que Maria é a Theotokos, a Mãe de Deus.

  Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos evangélicos, embora eles recordem "a Mãe de Jesus" e afirmem que Ele é Deus (Jo, 20, 28; cf. 5, 18; 10, 30.33). Em todo o caso, Maria é apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. Mt. 1, 22-23). Já no século III, como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egito dirigiam-se a Maria com esta oração: "Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Da Liturgia das Horas). Neste antigo testemunho a expressão Theotokos, "Mãe de Deus", aparece pela primeira vez de forma explícita.

  No século IV, o termo Theotokos é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente. A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse termo, já entrado no patrimônio de fé da Igreja. Compreende-se, por isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título "Mãe de Deus". Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão "Mãe de Cristo". Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade em admitir a unidade da pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas - divina e humana - presentes n'Ele. O Concílio de Éfeso, no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.


  Ao proclamar Maria "Mãe de Deus", a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do Filho e da Mãe. Na Theotokos a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque - como afirma Santo Agostinho - "se a mãe fosse fictícia, seria fictícia também a carne... fictícias seriam as cicatrizes da ressurreição" (Tracto. in Ev. Ioannis, 8, 6-7). E, por outro, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por Aquele que quis ser seu filho.

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