Testemunhar e anunciar a mensagem cristã, conformando-se com Jesus Cristo. Proclamar a misericórdia de Deus e suas maravilhas a todos os homens.

Páginas

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Batismo: Porta da fé cristã


I. Fé e Batismo no Novo Testamento

  No Novo Testamento não encontramos apenas esta sequência anúncio-fé-batismo, como se estas etapas estivessem rigorosamente delineadas. Os dados do NT são mais complexos que o suposto. Esta relação fé-batismo é tal que São Paulo atribui por vezes o mesmo dom salvífico, tanto à fé como ao batismo. Segundo o NT não há dúvidas quanto à relação íntima e indissolúvel entre fé e batismo. Fé e batismo constituem um único acontecimento total pelo qual o Homem é libertado do pecado e é colocado sob o domínio de Cristo. Um estudo sobre a relação fé-batismo mostra como no NT se apresentam três modelos na relação entre fé-batismo:

1º A fé conduz ao batismo e encontra nele a forma mais adequada e a expressão mais visível. Aqui a fé precede o batismo e acompanha-o;
2º O batismo fomenta um novo início de fé;
3º O batismo dá a fé: tal é o sentido das afirmações em que o batismo é descrito como “iluminação”. O batismo abre o olhar do homem para a Luz que é Cristo. A fé pode e deve seguir (-se) ao batismo.

  É um erro ver a fé e o batismo, como duas alternativas ou escolhas autônomas, pois são faces da mesma moeda, dois aspectos de um mesmo acontecimento. Na verdade a fé é já sacramental enquanto orienta para o batismo e enquanto é acontecimento de graça na vida da pessoa e enquanto acontece mediante o testemunho da comunidade. E o batismo explicita a fé e dá origem à fé. Ele é sacramento da fé enquanto exprime e realiza aquela inserção em Cristo e na Igreja a que se chegou pela fé. Por isso a polêmica sempre frequente nas secretarias paroquiais: muitos até querem o batismo, mas não desejam, de fato, professar a fé católica. Pais despreparados e padrinhos ainda mais!

II. Fé e batismo de crianças

  Podíamos tirar algumas conclusões a respeito daqueles que objetam que o batismo das crianças atenta à relação entre fé e batismo:

1º De um ponto de vista bíblico e dogmático, o batismo de crianças é um uso possível e legítimo. O terceiro modelo das relações fé-batismo, a que nos referimos atrás, faz ver como o primeiro início da nova vida não depende de pré-realizações humanas, nem do ato consciente de fé, mas somente da livre iniciativa e da ação de Deus. Não só o batismo, mas também a fé é dom.

  No acontecimento batismal é o próprio Deus que age, enquanto é Ele que pelo Espírito Santo dá uma fé cristã e plena. N’Ele se exprime, em dimensão visível e eclesial, o dom da inserção duma existência na história da salvação em Cristo. Na medida em que se reconhece isto, em princípio, não há motivo dogmático sério, para negar esta graça à criança. Neste sentido, o batismo da criança é o testemunho da gratuidade absoluta da eleição e do amor de Deus que nos precede. Daí a importância do progresso nesta fé que será levada à cabo pelos pais e padrinhos da criança que ainda não tem consciência plena de seu batismo.

2º Todo o dom de Deus implica um empenho ou missão da parte do homem. No novo início do batismo permanece a obrigação de o tornar pessoal e vivê-lo sempre de novo. A Igreja, enquanto comunidade de fé e de graça, como cada um dos seus membros - sobretudo através dos pais - tem a obrigação de velar, exigir e procurar que a relação fé batismo seja conservada na prática do melhor modo possível, que o ser em Cristo do neobatizado possa exprimir todas as suas potencialidades. O batismo de crianças só tem sentido num ambiente de fé, como já o reconhecia o Concílio de Trento ao proibir que fossem batizadas as crianças filhas de infiéis.

  Portanto, ao afirmar a possibilidade e legitimidade do batismo de crianças não se quer justificar a práxis tornada tradicional ou fechar as portas a uma nova práxis pastoral. Trata-se de uma questão que pertence à pastoral esclarecer e resolver em função das condições sociais e eclesiais duma região ou época. A última palavra pertence ao juízo pastoral da Igreja, pelo Bispo e pelo Pároco, mas não cabe aos leigos.


3º Não se deve esquecer que o batismo permanece sempre como sacramento do início da existência cristã, de certo modo comparável ao ingresso na vida humana pelo nascimento. Quer dizer, “ser batizado” não significa estar já plenamente convertido, mas trata-se do início de uma existência cristã, isto é, crística e eclesial. “Em todos os batizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer depois do Batismo. É por isso que a Igreja celebra todos os anos, na Vigília Pascal, a renovação das promessas do Batismo. A preparação para o Batismo conduz apenas ao umbral da vida nova. O Batismo é a fonte da vida nova em Cristo, donde jorra toda a vida cristã” (CIC 1254).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.